De L' Orchestra di Piazza Vittorio (em Orchestra di Piazza Vittorio, 2003)
No bairro Esquilino, em Roma, à volta
da praça Vittorio Emanuele II, nasceu uma orquestra que era como que um
pesadelo para Berlusconi: são 19 músicos com 11 diferentes nacionalidades.
Estávamos em 2002. Se os imigrantes, em Itália como na maior parte dos países
europeus, nunca tiveram vida fácil, aqueles anos de Berlusconi ultrapassaram
todos os limites, com o próprio governo central a instigar os crimes racistas e
xenófobos. Ainda hoje, a Orchestra di Piazza Vittorio é uma espécie de bofetada
na cara da cidade eterna. A iniciativa do maestro italiano Mario Tronco, de vasculhar
a cidade à procura de músicos imigrantes, deu origem a um divertido
documentário de Agostino Ferrente, que é habitualmente exibido antes de cada
concerto. A música da Orchestra di Piazza Vittorio é ela própria um mosaico
multiétnico – neste primeiro álbum facilmente saltamos do violoncelo da Europa
de leste para a kora do Senegal; do cavaquinho brasileiro para as flautas dos
Andes; das guitarras elétricas ocidentais para a tabla indiana ou para as vozes
do Sahara… Ah, era aqui que eu queria chegar, à fabulosa sexta faixa, Sahara Blues.
Vamos nós pelas dunas ao ritmo do passo do camelo, enroscados naquela língua
quente com muitos «hal» e «rha», quando nos passa pela frente um violoncelo… e
nos sobressalta um saxofone… Não digo mais nada, isto só mesmo escutado!
A.C.
P.S.
Foi o maestro Mario Tronco quem
impulsionou também a criação da portuguesa Orquestra Todos, que segue o mesmo
conceito
In
the Esquilino neighborhood, in Rome, around the square Vittorio Emanuele II,
was born an orchestra that was like a nightmare for Berlusconi: 19 musicians
with 11 different nationalities. That happened in 2002. If immigrants, in Italy
as in most European countries, have never had an easy life, those Berlusconi
years exceeded all limits, with central government itself instigating racist
and xenophobic crimes. Even today, the Orchestra di Piazza Vittorio is a slap
in the face of the eternal city. The initiative of the italian conductor Mario
Tronco - he scoped the city looking for immigrant musicians – turned to be an amusing
documentary by Agostino Ferrente, which is usually exhibited before each
concert. The Orchestra di Piazza Vittorio music is itself a multiethnic mosaic
– through this first album we easily jump from Eastern Europe cello to the
Senegalese kora; from the Brazilian ‘cavaquinho’ to the Andean flutes; from
western electric guitars to the Indian tabla or the Sahara voices... Ah, I was
trying to get to the fabulous sixth track, Sahara Blues.
Here we go, crossing the dunes at the rhythm of the camels pace, sheltered by
this warmth language with a lot of sounds like 'hal' and 'rha', when a cello
crosses our path ... and a saxophone startles us ... I won’t say anything else,
this song needs to be listened!
A.C.
P.S.
Mario
Tronco also was the person behind the creation of the Portuguese Orquestra Todos,
which follows the same concept
No comments:
Post a Comment